Existem muitas técnicas pelas quais podemos educar nossos filhos em valores, mas nenhuma delas inclui o silêncio como forma de punição. Na verdade, o silêncio entendido como forma de punição constitui uma prática dentro do abuso infantil.
O Silêncio: uma agressão infantil com muitas consequências
Em muitas ocasiões, ouvimos falar do tratamento silencioso, ou tratamento silencioso, embora nem sempre estejamos cientes do que essa ação implica ou das consequências.
O tratamento silencioso refere-se a uma prática psicológica passivo-agressiva. Consiste em cortar todo o tipo de comunicação com as vítimas (neste caso, com a criança), criando assim um grande sentimento de vazio e impotência. Além disso, essa ação vem acompanhada de outras atitudes, como frieza e distanciamento. Se essa atitude já é prejudicial aos adultos, que conseguiram se desenvolver como pessoas, podemos ter uma ideia das graves consequências desse comportamento quando a vítima é criança.
falta de autoestima
Sempre que deixamos uma criança de lado e tiramos a palavra dela, estamos causando uma diminuição em sua auto-estima. Os pensamentos das crianças são muito diferentes dos dos adultos, por isso é fácil ver as crianças se sentirem “inúteis” ou “indignos” do amor paterno e materno. Como consequência, essas crianças acabam sendo adolescentes e adultos com sérias dificuldades na tomada de decisões, bem como no relacionamento com os outros.
destruição de anexo seguro
As crianças, desde o nascimento, sempre criam um apego seguro com seus pais. Além disso, se olharmos para a sociedade, na idade adulta, continuamos com esse apego que nos dá conforto nos momentos mais difíceis. Oferece-nos segurança e sabemos que sempre haverá alguém que nos ouvirá, apoiará e compreenderá. No entanto, quando são realizadas situações silenciosas com as crianças, elas se sentem inseguras e desamparadas, o que afeta muito seu desenvolvimento.
Sentimentos de culpa na infância
Apesar do que muitos adultos possam pensar de outra forma, as crianças têm uma grande tendência de se culpar por tudo: Qualquer que seja a situação na família, é uma tendência infantil pensar que a culpa é deles e que não são amados. Quando aplicamos o silêncio, acontece exatamente a mesma coisa. Assim, é fácil entender que uma criança submetida a essas práticas acabará desenvolvendo uma grave falta de autoconfiança e nunca acreditará que merece tudo o que recebe na vida.
Por que a punição deveria ser a última medida disciplinar?
Dadas as consequências que estas práticas abusivas têm no desenvolvimento infantil, devem ser eliminadas de qualquer método ou tipo de parentalidade que a família escolha. A punição implica diretamente em deixar a criança insegura e isso é basicamente o que se considera abuso infantil. Nesse sentido, então, a punição deveria ser a última ação disciplinar que é aplicado e deve ser feito sempre do ponto de vista produtivo e afetivo: podemos punir os filhos, tirando certos privilégios, mas nunca os tirando da família. A solitária que envolve o tratamento do silêncio é, portanto, uma prática considerada abusiva e, portanto, jamais deve ser utilizada.
O silêncio pode ser positivo?
Há certos momentos em que o silêncio pode ser positivo. Por exemplo, quando estamos muito estressados e sabemos que podemos dizer algo prejudicial aos pequenos (ou a qualquer pessoa com quem compartilhamos nossas vidas). Porém, nessas situações, nosso estado deve ser transmitido para a outra pessoa, que vai entender e nos deixar o espaço que precisamos para nos acalmar. E as crianças não são diferentes a esse respeito. A maioria deles é capaz de compreender, mais do que podemos imaginar, as necessidades e emoções de seus pais.
Outra situação em que o silêncio é considerado produtivo é quando ele ocorre em uma conversa, seja para dar tempo para que a pessoa expresse seus pontos de vista, seja para refletir antes de responder. No entanto, como dissemos antes, esta situação é realizada em um ambiente não muito hostil, por isso é entendida e geralmente não é considerada um tratamento silencioso.
Seja como for, em ambos os casos, o silêncio pode ser positivo desde que ocorra num ambiente de confiança e num quadro de segurança.
crianças precisam de comunicação
Quando se trata de estabelecer limites, as crianças precisam de uma comunicação aberta com seus pais: elas precisam saber exatamente quais limites são impostos a elas, bem como suas consequências.
No caso da expressão das emoções, as crianças precisam verbalizá-las e do apoio dos pais para aprender a administrá-las. As emoções das crianças devem ser sempre validadas, pois nunca são menos valiosas do que as de um adulto. Não se trata de concordar sempre com eles e, por isso, comunicação é essencial. Mas, eles devem ser levados em consideração e deixar a criança se expressar.
Por fim, é importante ressaltar que os casos de ansiedade e depressão infantil têm aumentado consideravelmente nos últimos anos. Parte desse aumento se deve à falta de comunicação com aquelas pessoas que representam os pilares de suas vidas. Neste caso, não estamos fazendo referência explícita ao silêncio, mas sim que a sociedade atual nos deixa muito pouco tempo para nos dedicarmos à educação e educação de nossos filhos como gostaríamos. Evitar essas situações depende exclusivamente dos pais: devemos nos esforçar para encontrar tempo com nossos filhos e, mesmo que seja pouco, deve ser de qualidade.
O tratamento silencioso é considerado uma prática agressiva e abusiva, com graves consequências psicológicas. Dadas as necessidades afetivas das crianças, essas situações prejudicam seu desenvolvimento, por isso devem ser totalmente evitadas. Não há justificativa para retirar a palavra de uma criança. Lembre-se, crianças são crianças.
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